14 de maio de 2022

Um último desabafo


Eu estou bem...
Tentando catar os pedaços 
Que ficaram espalhados pelo chão
Ali naquela cena nauseante

Tentando recuperar-me de mim mesma
Dessa saudade sufocante
Mista a essa agonia inexplicável
Afinal, que diferença tem a situação de tantas outras?

A diferença é meu coração presente
Em cada instante de forma oposta
Entre amor e ódio
Desejo e nojo

Eu ainda estou perguntando-me
Por que tem que ser assim
Tentando em vão secar essas lagrimas
Que dão prova da minha fraqueza
De minha vulnerabilidade diante de tudo isso.

O que faço se não o posso excluir daqui?
Como apagar tudo aquilo que nunca tive
Como esquecer de vez meus sonhos
E simplesmente aceitar que cada plano criado
Tornar-se-iam esse beco sem saída
Que faz de mim prisioneira

Como não voltar daqui pra traz
Se tentando seguir em frente
Sempre vem a mente o passado
Mesmo o hoje, está arraigado no 'pé atrás'.
E vivendo o hoje estou a cada instante mais com o pé atrás?
O que justifica meus erros, ou sua ausência aqui?

Eu ainda procuro culpados
 Quem mais errou nessa historia?
E que diferença isso faria 
Se nossos caminhos já se cruzaram 
E descruzaram tantas vezes

Vou seguir em frente
Ainda na fé cega de que o tempo conserte as coisas
Que cale as feridas que nós mesmos provocamos 
E que um dia, cada pergunta que hoje me corroe
Seja respondida de forma a saciar e acalmar 
Esse meu coração que nunca soube onde me fazer encontra  a paz!

14 de outubro de 2016

Estrada


E a cidade passa por mim
Ou será que sou eu quem passa por ela?
Nessa vastidão de ausência de cores
É tão cinza, vermelho, verde, sigo em frente.

E a cidade permanece a correr,
Luzes ficam, outras vem à frente,
E o tempo simplesmente não para
As coisas permanecem a fluir

Só não o encontro na imensidão desse incontrolável vai e vem
Mesmo que tudo que eu queira seja esbarrar você
Que esse cinza me leve ao verde do seu sorriso
E tire de vez o vermelho que essa sua saudade me causa

Passo sinais, sigo em frente
Mas tão perdida que pareço ficar pra trás
É automático, deslizo, percorro
No intimo, eu morro.


06/11/12

22 de agosto de 2016

Perdemo-nos

Imagem: Patrice Murciano

Onde nos perdemos?

Talvez tenha sido ali,
Quando sua falta deixou de falar alto
Quando não me importei em lhe escreve
Ou deixei de correr para abri seus pensamentos

Talvez tenhamos ficamos na ligação que deixei de fazer
Ou ainda naquela ultima que não me atendeu
Quem sabe ficamos perdidos no abraço que acolheu a dor
Nas mãos que secaram as lagrimas

Talvez tenhamos nos perdido
No exato instante em que nossos olhos
Se desviaram para evitar a dor
Que negamos o sorriso tão desejado

Que desistimos da sorte
De tentar nos fazer senhores da nossa vida
 Paramos de ditar nossas próprias regras
Quebrando padrões, violando nossas crenças

Talvez tenhamos nos perdidos na curva da vida
No lençol de cetim, no perfume que ficou na mente
Ou talvez, quem sabe, estejamos lá.
Bem no fundo, guardados, onde sempre estivemos.



12/11/12

11 de fevereiro de 2016

Se não for nós


Imagem: Atlen 


Infeliz saudade que te faz presente a todo instante
Joga-me a face sua ausência 
Reclama forte a falta que me faz 
Gritando a quatro cantos o quanto te quero. 

Fecho os olhos e vejo você 
A única imagem que desejo ter. 
Despejo frases sem sentido 
Tentando distanciar a saudade 

Releio frases, conto historias. 
Minto pra mim. 
Ouço musicas. Te incluo nelas. 
São nossas. 

É que cada palavra só tem sentido se for Você 
Não há poesia se não tem sua imagem 
E cada letra ira sempre traduzir 
O pouco de nós que ficou em mim. 

Não há poesia se não for Eu e Você 
Não há amor se não for essa obsessão insana 
Que faz de mim ainda sua. 
Que te prende aqui. 

Não haverá fim se não for Nós 
Nem sonhos. Nem planos. 
Nem palavras. 
Só saudade. 

14/02/14


Imagem: Atlen 

29 de dezembro de 2015

Postergação


Imagem: Patrice Murciano

Tenho constantemente
Andado sem sair do lugar
Com passos que não mudam
Nem retificam meu caminho

Tenho fechado os olhos à razão
Esquivando-me da seriedade
Para poder exibir em minha face
A serenidade que se faz cúmplice

Tenho realmente postergado os dias
Os empurrando a frente
Como se fosse possível
Adiar as decisões

Deixando passar por alto
Os desejos que já não distinguem
Nem diferem de meu silêncio
Ocultando meus sonhos

Tenho aceitado as mentiras
Acreditado nas mesmas falsa juras
Exibindo na face a máscara
Que encobre o Eu

Em silêncio. Em vão.
Finalizando inícios sem sentido, precipitados.
Com a certeza de breves sonhos que passarão
Como se eu nunca os tivesse tido.
Imagem: Patrice Murciano

23 de janeiro de 2014

Minha 'DomTena'

Vó Tena
                . 

Hoje cheia de lembranças que agora são saudades, daquela velha senhora que na percepção nunca envelheceu ou foi mais nova, era sempre a mesma: Vó! E o tempo passou, ensinou o que devia, cobrou e trouxe até o que não merecíamos. Assim mesmo, sem nos sacudir ou gritar por atenção, passou quase que imperceptível. Entre estórias, frases repetidas, bordões, bênçãos, chás e orações, ficou algo ainda na memória, um pouquinho do que marcou pra cada um, como os ‘Sam Pai’ quase sussurrados na hora da saída, ou as mãos fortes que espremiam o lenço enquanto os olhos ainda estavam cerrados, na proteção constante que obrigava um agasalho, vinho, azul e branco. Na voz risonha que dizia a seu modo ‘foge da frente menina’, ou na humildade na qual se pedia a leitura de algo que já tinha de cor.

Ficou ainda na lembrança os melhores sabores de infância, doce de banana, goiaba e laranja, o bolo de abobora, de macarrão, biscoito de polvilho e pastel de angu, água de pote e mão lavada, suco de acerola, água de romã, quiabo, cará da terra... familia reunida... o gosto amargo do chá de bardana que ainda faz parte do cardápio, ficaram detalhes dos dedos frágeis mergulhados em álcool com arnica, do cabelo dividido ao meio, grampos expostos, unhas pontudas, o botão colorido, fuxico, a peça de quebra-cabeça, o cheiro doce, o modo de caminhar, a perseverança, horas marcadas com risquinhos e a voz firme que ensinava e repreendia. Na mente ainda fresca ficou a frase “lê aquele texto pra ela Nana”,

Em nós ficou a base do que somos hoje, entre um jeito e outro, ficaram manias todas dela, os papeis guardados, fotos espalhadas, retalhos contando histórias, curas vindas de ervas, crenças, medos e esperanças. Uma lembrança solta em cada canto. Uma vida em recordações.    

E no final, ela ainda me podia ouvir a chamar de ‘DomTena’, mas a um tempo já não a ouvia dizer "Nana", egoísmo da nossa parte ainda a querer aqui? A comunicação é uma via de mão dupla. Mas quem disse que ela não se comunicava? Sim, expressava com os olhos que quase obrigava as visitas a sentarem, com a lágrima que escorria de emoção ao ouvir uma música, com as gargalhadas que aprovavam as besteiras que lhe eram ditas. E o choro que deixavam claro que já não era mais a mesma.

Mas, o que é a morte? Pra ela foi um descanso necessário, estava morrendo aos pouquinhos e isso sim doía muito. Ela tinha ciência do que acontecia a sua volta, estava consciente de que dali pra frente ou vinha logo o novo mundo, ou ela o esperaria dormindo na morte, assim como aquele a quem amou e devidiu uma vida. E foi como aconteceu. Agora ela está na lembrança de cada um que amou, em especial na de Jeová, que assim como nos, já tem saudades dela (Jó 14). Que de agora pra frente possamos também fazer um bom nome como o Seu e manter viva em nós a mesma esperança de estarmos outra vez juntos.


Saudosa de cada memória viva nessas palavras escritas, finalizo aqui, ainda cheia de lembranças e detalhes dela, que faz de mim rica dessa que tanto amei.


Vó Tena

17 de janeiro de 2014

Fantasia

Imagem Ronaldo Mendes
  




Está no meu pensamento
Em cada palavra dita e oculta.
Nas lembranças, cativo a memória
Nos sonhos, nos desejos.

Está gravado na pele
Na vontade do toque, no arrepio do pelo
Preso no sussurro que entala na garganta
Na voz que suplica

Está a frente dos olhos
Estampado no sorriso que ilumina a face
Gravado no símbolo que adorna as mãos
Na sutileza que delineia os gestos

Está por todos os lados
Usurpando verdades eternizadas
Preenchendo os cantos em retratos solitários
Alimentando vaidades

Em cada assunto, ao som de murmúrios
No acento vazio, que acentua a ausência
Na fila de espera, no cansaço das pernas
No abraço singelo, na falta do toque.

Está em cada entrega, em toda recusa, relembrando fatos
Recriando teorias, ironizando sorrisos
Arrancando lágrimas, encerrando possibilidades
Está em mim. Em cada inicio que finalizo.


Imagem Ronaldo Mendes

29 de novembro de 2013

Fantoche

Imagem Alexandra Louie

Quando vejo esse sorriso, imagino um futuro
Mas essa imagem é alguém desligado de mim
Esse sorriso doce não traduz quem sou
A’legria estampada na face não condiz com o que trago no peito

E esses olhos quase fechados ao sorrir
Tentam esconder o monstro que minha mente conhece bem
Desafio as barreiras entre real e imaginário
Divido-me entre a imagem criada e quem realmente sou

Um fantoche nas minhas próprias mãos
Forço um sorriso. Omito algumas verdades
Afirmo pra mim o que parecem doces mentiras
Fecho os olhos e divido-me em duas

Uma estampa a face contra o meu desejo
Enfeita a outra que vive secreta
Encobre com ela o lado amargo das vistas
Enquanto essa sussurra o veneno oculto

Tampo os espelhos
Não quero ver essa desconhecida outra vez
Refletida na imagem que salta aos olhos
Onde posso me encontrar? A desconheço

Desvio o meu olhar. Te fito em mim
Entrego lhe minhas falsas verdades com olhos frios
Eles mentem comigo. Mentem pra mim.
Fujo.

Quem é essa ilusão que me aprisiona
Ou será eu a aprisionar?
No final quem vence esse duelo
Que torna insana a parte mais sã em mim?

Essa guerra cega que tortura em silêncio
Que castiga quem não merece
Que condena por si, que impõe regras,
Dita valores e escapa a todos eles.

Ouço condenações.
Elas se esquivam da memória nos segundos seguintes
Fecho os olhos, os desvio da imagem
Já não quero olhar para essa estranha que usurpa quem sou

Dentro d’alma, além da carne esquia
Há muito mais do que esses traços podem expressas
Defino-me em linhas que contam o lado que quero mostrar
Ainda assim não vês, não me enxergo.

Volto atrás em minhas palavras
No momento seguinte já não me pertencem mais
Encosto no canto. Fecho os olhos.
Sou outra, outra vez. Recomeço.


Imagem Morbid Truth




14 de outubro de 2013

Preferências.


Imagem Irene Sheri Shadow
Eu prefiro adiantar o adeus 
Do que completar cada frase minha 
Que ficou incompleta
Perdida em meu silêncio ignoto

Prefiro morrer sozinha
Como unica dona de minhas verdades
Que ter que justificar cada teatro 
E ser tida como dissimulada

Prefiro seguir os dias em ausência de pensamentos
Com meu largo sorriso nos lábios
Que me entregar a multidão deles 
E mergulhar no mar de lágrimas conseguente

Prefiro me ter por inteira 
Embora fique sempre pelo meio do caminho
Do que me dividir ao 'amor'
E estar outra vez faltando pedaços

Porque a dor de perder alguém
Um dia passa.
Mas o remorso de se perder
Esse não passa nunca.

Porque minhas razões
Emboras pareçam loucas
São lucidas como a verdade
Que por cegueira julga falsa.

Por que sei como doí
Mendigar essas partes perdidas 
Que não voltam
Não cicatrizam nem curam

E sei quanto vale a mim 
Cada lagrima derramada
Embora nessa terra de insanos
Nem mesmo os sorrisos sejam notados.


Imagem Irene Sheri Shadow



3 de setembro de 2013

Minha Inspiração (Autor: Gustavo Freitas)


Imagem de DeviantArt
Posso estar triste 
Mas estará comigo 
E então entenderei 
Que ao seu lado 
Somente alegria sentirei

Posso estar ansioso 
Mas estará comigo 
E perceberei que 
A maior ansiedade que posso ter 
É para ter você próximo a mim

Posso estar irado
Mas estará comigo 
E com sua brandura 
Deixarei de ter motivos para ira 
Mas sim para uma infindável alegria

Posso estar impaciente 
Mas estará comigo 
E ao seu lado 
Não pedirei que o tempo passe 
Mas que pause para sempre

Posso sentir dor 
Mas estará comigo 
E descobrirei que carrego algo 
Sim, o antídoto
O seu maravilhoso amor

Posso sentir o que for 
Você estará comigo 
E meu maior prazer 
Será minha maior preocupação 
Estar sempre dentro do seu coração.


Autor: Gustavo Freitas