28 de janeiro de 2013

Eu Apenas Queria Que Você Soubesse




Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo 
E que a minha ternura não ficou na estrada 
Não ficou no tempo presa na poeira 

Eu apenas queria que você soubesse 
Que esta menina hoje é uma mulher 
E que esta mulher é uma menina 
Que colheu seu fruto flor do seu carinho 

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta 
Que hoje eu me gosto muito mais 
Porque me entendo muito mais também 

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora 
É se respeitar na sua força e fé 
E se olhar bem fundo até o dedão do pé 

Eu apenas queira que você soubesse 
Que essa criança brinca nesta roda 
E não teme o corte de novas feridas 
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida 

Eu apenas queria que você soubesse 
Que aquela alegria ainda está comigo 
E que a minha ternura não ficou na estrada 
Não ficou no tempo presa na poeira 

Eu apenas queria que você soubesse 
Que esta menina hoje é uma mulher 
E que esta mulher é uma menina 
Que colheu seu fruto flor do seu carinho 

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta 
Que hoje eu me gosto muito mais 
Porque me entendo muito mais também 


Composição: Gonzaguinha 
Eu Apenas Queria Que Você Soubesse

27 de janeiro de 2013

Menina Mulher



Ainda sou aquela menina que acredita em qualquer palavra bem dita, que apaixona-se com um olhar, encanta-se com um gesto de carinho. Uma criança carente que se derrete cada vez que tem atenção, que à chama, a exige. Ainda sou aquela que sonha com príncipe encantado que chega em cavalo branco, que crê na inocência das pessoas, que espera de todos belas palavras ou um gesto amigável... Sou também essa mulher que deseja um abraço apertado, um beijo apaixonado e juras de amor, essa que procura de forma desenfreada, quase que desesperada. Que sempre espera ansiosa que ele chegue; que aguarda impaciente... Que sonha, se inspira, suspira e chora. Ainda sou essa menina que se envolve, age sem pensar e depois se arrepende... Que se entrega sem escrúpulos, que diz ‘não’ querendo dizer ‘sim’, que mente, engana, se rende... e que apesar de não saber o que é o amor, ama, se apaixona, se envolve de corpo e alma, que se entrega ao desejo, a paixão, a loucura, que burla regras para vencer barreiras, que volta no tempo e se perde em lembranças, essa que querendo esquecer revive tudo outra vez... Envolve-se com o passado, deseja o que ficou... Mas que segue em frente, que acredita no futuro e espera por mudanças. Sou essa mulher que suspira fundo para esconder a lágrima com um sorriso, que se faz de forte para sobressair a dor, que sobe em salto alto com uma única intenção, e volta para casa decepcionada, que espera um elogio, que aguarda um olhar. Sou ainda essa menina  indecisa que não sabe se vai ou fica, que manda embora quando quer pedir para ficar, que diz ter coragem para fugir do medo de apenas tentar. No fundo, sou essa menina mulher que deseja chegar... Que da passos largos, pula, finge, brinca, mas nunca para, nem esquece e enfim, sempre acredita... 

25 de janeiro de 2013

Até o Fim - Arnaldo Antunes


Se a gente não sabe se ama
Se a gente não sabe se quer
Não vai saciar essa chama
Se não decifrar o que é 

Se algo entre nós se insinua
E doce tontura nos traz
O que delicia tortura
E não dá descanso nem paz 

É que o amor não se dissolve assim
Sem dor
Se não for
Até o fim 

Se a gente não sabe se ama
E não se decide que quer
A dúvida não desinflama
Enquanto a gente não se der 

Se algo entre nós se insinua
E não se disfarça sequer
Não dá pra deixar pra outro dia
De outra semana qualquer 

É que o amor não se dissolve assim
Sem dor
Se não for
Até o fim 

Até o Fim - Arnaldo Antunes

O Que Cabe em Meu Silêncio



Foi transmissão de pensamento...
E quando o telefone tocou,
Tocou junto, porém em ritmo acelerado,
Meu coração e tudo que tenho no íntimo
... E eu precisei disfarçar,
Calar essa minha opção insana,
Aparentemente injustificável 

Ouvir sua voz foi sem descrição 
Não há palavras que possam conter 
Tudo que cabe dentro do turbilhão 
De sentimentos que povoa aqui. 
Que habitaram ali naquele instante 

Talvez esse aperto no peito seja o desejo 
Que teimo debalde em calar. 
A vontade oculta de ao menos uma vez 
Deixar de fugir e me entregar 
Ao anseio persistente de lhe ter comigo. 

E eu não consigo dizer ao certo o que senti 
Mas queria eternizar cada instante 
Fiquei mesmo sem reação 
E um simples 'oi' pareceu-me uma tarefa difícil 

Foi silêncio o que conseguir oferecer 
Porque envolto aquela sensação 
Havia uma magia que fazia de mim 
Bem menos do que consigo ser 

Mas não falo de valores 
Afirmo sim das forças que sei que possuo 
Para esquivar-me de todo e qualquer querer. 
Mas simplesmente estava além do meu desejo. 

Se pudesse me ver, 
Veria em meus traços a entrega completa do meu corpo, 
Teria então todo o meu ser inteiramente desarmado ali 
Ofertado a esse som suave do outro lado da linha 
Que fazia desta que lhe escreve, uma escreva. 

Ainda esse som, era a mim mais afável 
Que a mais bela melodia, e assim poderia passar horas: 
Eu na proteção do meu silêncio 
E ele ali destilando palavras harmoniosamente 
De forma a ter sem saber 
Completo controle sobre meu pensamento... 




Se Puder Sem Medo - Oswaldo Montenegro



Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava

Composição: Oswaldo Montenegro


24 de janeiro de 2013

Meio do Caminho




Em passos longos ansiosos da chegada, 
Muitas vezes fiquei sem concluir a estrada. 
E assim, no meio do caminho 
Alguns se perderam de mim 
Ou talvez seja eu quem tenha me perdido deles. 

Entre entregas e recusas 
Amei e muito fui amada, 
Porém com o tempo ia-se também 
tudo o que eu esperava 

Ouvi juras de amor, e fiz algumas. 
Também ouvi maldições, 
Sem amaldiçoar ninguém. 
Foi o silêncio quem deixou os traumas 

Fiz planos enquanto esperei a chegada 
Também permitir que me esperassem 
Desejei como a vida, ainda assim, 
Fugi como tentando escapar da morte.

Mesmo querendo amar 
Recusei, recuei, temi a dor 
Por mais que eu tentasse falar
Era a indiferença que tinha ao redor 

Acabava sempre por me calar 
Cessando outra vez meus passos, 
E mais uma vez pelo meio do caminho 
Sentia, sofria e amava em falso. 

Por mais que a vida tentasse me curar 
A estrada apesar de longa 
Tinha apenas uma direção. 
E por nunca conseguir chegar, 
Ficava ainda e mais uma vez em contramão 

Mesmo censurada por suas palavras, 
Ou guiada por outras mãos 
Saindo e entrando em contradição, 
Sempre assim no meio do caminho... 
Voltando sempre a mesma direção. 


22 de janeiro de 2013

Quando A Gente Ama - Oswaldo Montenegro


Quem vai dizer ao coração,
Que a paixão não é loucura
Mesmo que pareça
Insano acreditar

Me apaixonei por um olhar
Por um gesto de ternura
Mesmo sem palavra
Alguma pra falar

Meu amor,a vida passa num instante
E um instante é muito pouco pra sonhar

Quando a gente ama,
Simplesmente ama
É impossível explicar
Quando a gente ama
Simplesmente ama!


Composição: Marcelo Barbosa Barreti / Nil Bernardes / Fábio Caetano

21 de janeiro de 2013

Derradeiro


Já desfiz minhas malas,
Rasguei minhas palavras
Calei tuas mentiras
Despi-me de nós

Nossas coisas estão jogadas pelo chão
Culminando o que sobrou
São sonhos, planos.
Verdades que tornaram-se mentiras

Tem poeira habitando o que ficou
De todo aquele amor.
E o cheiro já não é o teu perfume.
Agora nem mágoa, nem rancor.

Traças corroem o que sobrou 
Faz em sobejo o que permaneceu guardado
Findaram-se as lembranças, 
Levou consigo a saudade


As malas estão desfeitas,
O tempo lhes foi ingrato, confesso.
Quem as tem posse hoje é o mofo, 
Esse mesmo que cresceu aqui no peito

Não são apenas objetos
É história contada em detalhes
É o fim descrito sem palavras
É o silencio contido na mágoa


Saudade, vontade, desespero.
O fim não imaginado, a queda dos sonhos.
Nossas coisas estão espalhadas pelo chão, 
Hoje só minhas, porém ainda assim tão suas...

Aos poucos vou o deixando
Apagando da lembrança,
substituindo a memória.
O arrancando de mim.

E teu cheiro já não sinto na pele. 
E cada cor, cada objeto, 
Cada detalhe com a nossa cara
Vai deixando de o ser aos poucos 

Suas escolhas que hoje desconheço
Estão tatuadas nesses objetos estranhos 
Que um dia completaram o sonho 
Criado por amor, Amor que hoje já não existe...

Espalhados pelo chão estão meus planos.
Suas escolhas que já foram as minhas.
Nossos sonhos, nosso passado, minha vida.
Tecidos apenas, lembranças gravadas. 

Hoje passado arrancado do peito
Nem mágoa, nem dor, nem amor.
Lagrima derradeira
Quiçá enfim, ultimo pensamento.

É raiva, é ainda mais amor...




Da para entender ou explicar?
É raiva, é amor.
É um ódio misto a tudo que passou,
A tudo que ficou aqui gravado nessas lembranças
Que por mais que eu não queira eu amo recordar.
É saudade é carinho, é você presente em todos os detalhes,
Em cada canto.

Mas é raiva por você não ser exatamente o que eu desejava
Mas ainda assim ser tudo que quero...
É desejo, é saudade, é magoa, é falta...
É vontade de nós dois outra vez,
Burlando as regras, quebrando barreiras, abrindo caminhos,
Ensinando, aprendendo... Crescendo juntos...

É sonho, ilusão inconsequente que não volta mais,
Verdade insana perdida no tempo, bloqueada da vida...
São lembranças guardadas no peito.
É mais raiva, é ainda mais amor...

Erro meu...





Foi erro meu ama-lo mais do que a mim mesma
Esperar na sua força, não na minha 
Precisar tanto de você
Respirar seu ar

Foi erro meu não poder viver sem seu carinho 
Acreditar mais em nós do que em mim 
Ignorar minhas forças 
Enaltecer as suas

Foi erro meu dizer sim, estar disposta a tudo 
Declarar-me, me entregar 
Querer mais a você do que a mim 
Espera-lo sem limites, aceitá-lo sem escrúpulos

Foi erro meu não questiona-lo 
Não amar a mim, Precisar tanto de você 
Perder-me na sua ausência 
Não suportar a sua falta

Foi erro meu confiar no seu sorriso 
Acreditar nas suas palavras 
Entregar-me, aceitar suas verdades
Idealizar seus desejos

Foi erro meu me enganar 
Omitir os meus desejos 
Pensar que o conhecia 
Tentar lhe decifrar

Foi erro meu revelar os meus medos 
Contar meus segredos 
Enumerar meus sonhos
Entregar minha alegria

Foi erro meu dizer sim
Dar-me por completo
Não pensar duas vezes, não voltar atrás 
Iludir-me, acreditar no coração 

Foi erro meu achar que lhe tinha 
Não ouvir a razão
Não saber conter, 
Perde-lo... Foi erro meu...