22 de fevereiro de 2013

Ocultos

Imagem de Shenzhen Longgang Buji Xiangsu Art Gallery


Doloridas não são as feridas externas 
São aquelas que ninguém pode ver 
Que mata-nos silenciosamente
Que corroem em secreto

O pior não é o sangue que escorre fora 
É a mágoa que afunda dentro 
Que entalada, sufoca na garganta
E deságua no intimo

Não e a solidão que castiga o peito
É a agenda cheia de inutilidades 
São os milhares de contatos dos quais 
Não há um com o qual se possa contar.

Verdades não são essas expostas em linhas
Sim as contidas nas lágrimas que calo
Ocultas nas palavras que não digo 
É o grito da alma encoberto com sorrisos.

No fundo o que destrói não é a morte
É essa rotina sem sentido, são os dias
Dormindo e acordando sem expectativa
É esse ciclo de morte em vida

O que finda não vem da solução
Talvez do excesso da força em conter 
Ou da ausência da mesma para dizer 
Desvendar o silêncio que encerra sem esvair.

Imagem de Shenzhen Longgang Buji Xiangsu Art Gallery

18 de fevereiro de 2013

Desabafo

Imagem - Wassily Kandinsky

Vi minhas bases serem rompidas
A confiança depositada tratada feito sobejo
Vi princípios serem menosprezados
Verdades tornando-se mentiras

Tive meu mundo desmoronando
Caindo sobre mim
Revelando a farsa na qual acreditei
Despindo a máscara que escondia o refugo 

Assim, sonhos atrás de sonhos
Tornaram-se pesadelos
A inocência deu lugar ao rancor
A amargura que hoje dita os desejos
Mágoa que move meus passos.

Sem base certa, sem princípios
Envolta a falsas verdades
Fiquei enfim desiludida
Desisti da vida, de mim.

Entregando ao vão acaso
Os resíduos que ainda compõem
Essa massa tingida de fraudes
Carregada de desculpas e farsas.

Vivi, e vivo, um dia a espera do outro.
Como se o tempo ainda pudesse
Compadecido, curar as feridas
Aberturas por onde vaza a alma...



13/02/2013

15 de fevereiro de 2013

Só tenho isso pra te oferecer



O céu, as estrelas, a lua e o mar são muito poucos, 
Muito poucos pra te dar.
O sol não te dou porque vai te queimar, 
As nuvens não dou porque não posso junta-las.

Mas posso fazer um mundo todinho pra você, 
Com bastante rosas pra te oferecer 
E uma cama em pérolas e diamantes. 

O chão que tu pisas vai ser de brilhantes.
Um mundo de amor, um mundo de prazer 
um mundo cheio de emoções pra  mim e pra você.

Vou fazer um mar em perfume francês 
Pra você se banhar todo o dia uma só vez, 
Sua casa as paredes vão ser de cristal, 
A tua piscina de água mineral.

Vou fazer um carro todinho em ouro 
Pra carregar nele o meu maior tesouro 
E se não for isso o bastante
O que mais posso fazer?

Desculpe-me , mas eu só tenho
Isso pra te oferecer. 


Jhonn Kennedy Vasconcelos

8 de fevereiro de 2013

O que fazer

Imagem - Alfred Gockel

E o que fazer quando as pernas ficam trêmulas 
E o olhar condena o que temos no coração, 
Quando a face queima enquanto as mãos gelam, 
Quando as palavras acabam e o silêncio diz tudo, 
Quando cesam as escolhas. 

O que fazer quando o pensamento voa 
E o devaneio toma conta, 
Quando a razão perde o sentido e o desejo fala alto. 
Quando a saudade tem nome e tudo sem ele é vago. 

O que fazer quando ouvir uma voz acalma, 
E o seu timbre soa como poesia, 
Quando imagina-lo enche de luz o caminho escuro 
E provoca um turbilhão no coração até então brando. 

O que fazer quando um filme pede sua presença 
Ou quando o dia só se completa em seus braços. 
Quando o gosto dos seus lábios não sai da boca 
E o desejo queima mesmo distante. 

O que fazer com os suspiros prolongados 
Ou da cara de entrega resultantes de sua lembrança. 
Quando as regras que deveriam me distanciar de ti 
Mostram-me falha e te aproximam... 

O que fazer com meu ‘não’ que sempre acaba em ‘sim’ 
Ou com minhas recusas que se mostram entregas 
Quando minhas fugas levam-me ao seu encontro 
E a indecisão é a certeza de te querer 

O que fazer com a noite que pede sua presença 
Ou com o dia que traz sua imagem 
Com o sono que não vem 
Ou os sonhos que te trazem. 

O que fazer de meu sorriso se não tem sentido sem o seu. 
Ou dos meus planos que sempre deságuam em seu caminho 
O que fazer de mim se insisto em querer apenas você 
E ainda assim te distancio...

Imagem - Alfred Gockel

1 de fevereiro de 2013

Saudade



Pra falar a verdade, hoje deu saudade, 
Saudade mesmo de nós dois, 
Do início, da curiosidade, da descoberta... 
Saudade mesmo do desconhecido da novidade, 
Da voz, dos sonhos e do imaginado... 

Hoje deu saudade do que eu quis que fosse... 
Daquilo que imaginei que você era... 
Deu saudade de mim mesma, 
Da forma como o queria, 
De como acreditava, do sonho... 

Mas não quis relembrar nossa história, 
Foi mais idealizada do que real... 
Foi mito, desejo apenas e passou, 

Mas mesmo assim, deu saudade, 
Não que eu quisesse voltar no tempo e tentar de novo... 
Mas dessas que agente tem vontade de seguir em frente
E espera que a vida concerte as coisas...

Mas ainda assim, foi saudade, 
Assim, dessas que queimam no peito, 
Aperta a garganta e molha a face... 
E eu não sei se faço-me de forte 
Ou se chamo seu nome. 

Mas deu vontade de você aqui, 
Tirando-me do serio outra vez...
Ou simplesmente saber que você esta ai...
Pensando em mim...